sábado, 21 de abril de 2012

Pernas grossas saem atrás?




Fuçando aqui, e ali, deparei-me com uma coluna, do Paulo Santana, um dos do jornalistas  mais influentes porto-alegrense, a (d)respeito das pernas grossas. O título "Epidemia de pernas grossas", medicinal demais e propositalmente aplicado, de início, me veio em mente apenas o proliferamento de mulheres com ancas maiores e membros protuberantes. Contudo, com o término do texto fiquei altamente decepcionada do modo que ele explorou tal assunto. 

Desde o primeiro instante que passei a me situar no mundo pude constatar que não fazia o tipo Olívia Palito, tampouco, Gisele Bundchen, mas sim, que sou grande e ossuda. Característica reluzente e que ao longo da minha infância fez que se configurasse um grande e perplexo trauma. Uma pitada de comida e olho na balança. A briga entre a adolescência e a puberdade. O repúdio a calças de ginástica. Com o tempo, vendo a necessidade de usá-las, adicionei o "tapa bumbum", e também, optei pelas pretas. Discretas e que diminuíam (psicologicamente) o tamanho dos meus membros inferiores roliços. No topo da adolescência, as amigas usavam shorts e saias curtas e eram consideradas normais vista pelos olhos padrões da sociedade. Eu, vulgar.  O complexo de ter que usar biquínis na praia. Quiçá, registrar os momentos por fotografias.  As idas a costureiras a fim de ter que apertar as calças na cintura, simplesmente porque você era desproporcional e tinha as pernas grandes demais frente a cintura. Das milhares botas nas prateleiras das lojas, mas nenhuma que fechasse o zíper além da primeira metade da perna. Traumas que posso dizer que, só hoje, vésperas de sair da adolescência, considero-os recuperados.
Atualmente, posso dizer que me considero realizada com os meus 102cm de quadril. Com um defeito e mil e uma qualidades. Queria ter um pouco menos de braço, um cabelo liso (natural, já que liso possuo por intermediações de diversos tratamentos), e um pé menor. Amo minha boca, minha barriga e o formato do meu corpo.

Ressalto que apesar da superação psicológica no "eu" de cada, os preconceitos estão presente não só na infância, mas também, no decorrer da vida adulta.  As mulheres exuberantes e de cambitos levemente grossos, conhecidas também, na rua, como "gostosas" ou "delícias" carregam consigo estereótipos difundidos sabe-se lá quando na sociedade. Ao ir atrás  de um emprego são negligenciadas, tidas apenas como um pedaço de carne incéfalo, e levam o dobro do tempo para demonstrar sua inteligência, capacidade profissional e seus diversos idiomas. No âmbito pessoal, é difícil encontrar um homem que reconheça a sua capacidade de sensibilidade, amar, chorar, e ter o mesmo gosto musical que ele: rock. 

O que me deixou altamente perplexa foi a degenaração a esse biotipo tipicamente brasileiro, com pernas voluptuosas e cintura fina. Ainda mais, tendo Juliana Paes e Patrícia Poeta como exemplo. Inadmissível. 
O que dizer então de Marilyn Monroe, eleita a mulher mais sensual, que usava manequim 42-44 considerado gigante para a época?. Paulo Santana que me desculpe, mas admiro muito mais mulheres estilo Paola de Oliveira, Angélica e Luma de Oliveira às que têm o corpo estilo prego ou triângulo, ou ainda, pernas tão finas que deixam com o estilo de garça. Imagino um sapo também, deixando as sobras todas para serem depositadas na região abdominal. Ele não deve sentir pena a um gene que está incluso no fisiotipo de cada um.
Nesse aspecto, fico ao lado do Malvino Salvador- ao afirmar em rede nacional - que sem discussão, pernas grossas saem a frente.

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