sexta-feira, 20 de abril de 2012

Aquele que quer dá um jeito




Ah, então um encontro é rapidamente desmarcado. Por culpa do trânsito, da vovó doente, da necessidade de ter que realizar compras no supermercado. Mora longe, está cansado. Tem médico, não pode ir. "Sabe aquele horário que havíamos combinado de nos encontramos? Então, os meninos marcaram um futebol no mesmo horário, acredita?" ou, a chuva que não colaborou pra nos vermos hoje. O rapazinho, que te trata em banho maria, tem uma viagem inadiável para esse final de semana.
A festa que ele não pode levar gente de fora, então, prefere ir sozinho. Ou a viagem que ele esqueceu o carregador e por isso, não pode falar. Aquele que está afim de você, mas não puxa assunto nas redes sociais. Me conte mais sobre isso? As respostas são claras e concisas: estava ocupado.

Vocês já viram um menino que realmente quer? Chega a ser chato de tão insistente. Eles reencontram uma solução e não deixam tudo se perder. Saem de casa a qualquer hora independente de estar zero graus ou um calor fervoroso. Sobem no topo do Everest só para ouvir a sua voz, ou mesmo para te ligar e dizer que não pode falar com você. A viagem inadiável, o tempo ruim, a distância enorme são apenas situações a serem contornadas, com bom-humor, lógica e uma vontade que não apaga. Aqui não há margem para a falta de estacionamento, para um carro quebrado, ônibus lotado, rotina estressante, trem descarrilhado ou pneu com bicicleta murcha.

Porque quando o interesse é real, forte e consistente, dribla-se todas as adversidades, e acha no bolso, ou no relógio uma horinha perdida, no meio da noite entre a entrada da academia, ou a saída da faculdade. Ou até mesmo, pela manhã, antes do trabalho. Usa de tais empecilhos para ser um "quê" a mais na história, recheada de adrenalina, rapidez e lampejos flamejantes. É como disse Nelson Rodrigues e a fila é grande de mulheres afim de assinar embaixo: "toda falta num homem é perdoada, menos a  de atitude.". Certíssimo.

Acho que o maior bônus que vem com a maturidade é justamente saber o que a gente não quer. E essas atitudes incluem-se nas nossas decisões. É quando a gente não quer mais qualquer coisa, de qualquer jeito. É quando não há companhia melhor que a nossa própria, portanto, não a ofertamos a qualquer um. É saber, principalmente, a hora de parar, de dar meia-volta, de abandonar o barco ou, quem sabe, nem entrar. Tem tanta gente que só ocupa espaço. Acumular coisas e pessoas erradas só atrapalha o percurso das certas até nós. Deixar ir é uma forma de poder. O que a vida nos dará, quase sempre, é fruto de nossas escolhas. Cabe a nós, escolhermos por aquele que se doa por completo e que literalmente, atravessaria, a pé, do Rio ao Salvador. Porque gente menor, que não quer por completo, nem sabe ser inteiro.

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