Conheci a mulher da minha vida, quer dizer: a mulher que seria pra minha vida, se a encontrasse em um outro momento. Agora não. Não estou para relacionamento, pieguices e romantismo. Acabei de sair de um namoro e que de quebra trouxe-me mágoas, lágrimas e um receio com quem quer que esteja ligada ao sexo feminino. Prefiro muito mais agarrar-me ao meu controle remoto, pipoca e ver aquele jogo maroto. Ou então, sair pra balada, uma dose de tequila aqui, uma bebericada de cerveja ali, e acompanhado de mulheres que nem sei o nome, e provavelmente, nunca mais verei. Mas, no momento, um relacionamento mais sério não rola. Quem sabe em um outro momento, em uma outra vida, em um outro eu. Ela é praticamente perfeita, cara. Daí você deve estar questionando porque eu não respondo mensagens, não atendo telefonemas, me encho de programas com amigos e não a procuro. Ou só procuro quando o tédio da vida aparece e para aquele momento ela serve. Não, te juro que ela não é horrível, pelo contrário. É uma puta mulher. Pernão, cintura fina, olhos e cabelos pretos. Perfeita. Bem exótica mesmo, sabe?
Relembro a cada minuto o gosto da saliva dela, o cheiro da pele e os contornos que eu conheci melhor do que ninguém. Ela tem uma boca rosada que só de ver a vontade é tamanha de borrar tanta vaidade presente nela. O pior: o negócio é mais complexo que parece. Ela insiste não só em ser a melhor, mas em ser única.
A dedicação e preocupação dela em ouvir as minhas lamúrias e falações à respeito do relacionamento que passou é de pasmar qualquer um. É independente, só tira dez na faculdade que ela cursa, e nunca me liga à cobrar. Na verdade, ela me liga muito pouco. Na medida certa: nada de exageros, mas nem de sumiço total. Sabe cozinhar como ninguém, lava a louça do jantar e é muito organizada. Além de sempre se preocupar comigo, com meus medos e meus receios. Tento sempre ser sincero com ela, digo que ela é a pessoa certa, mas na hora errada. E ela continua. Continua ali. Sendo perfeita, mesmo eu não querendo. Ela sente a minha falta, sei que sente. Mas prefiro sair pra balada à noite. Brother, sabe quando minha tia morreu? Ela que estava ao meu lado. Confortou-me, distraiu-me e até me fez ver que a vida seguia. Conseguiu até a arrancar-me um sorriso de canto de boca. Ela é assunto na academia e no trabalho também. Gosta de jazz, lê bons livros, troca uma festa para assistir um filme e toma cerveja. Cara, ponto positivo, eu sei. Eu preciso, indubitavelmente necessito, mas não posso. O momento não é esse. Agora é hora de curtir, sair com várias e aproveitar os meus amigos. Mas se fosse em um outro momento aí me arriscaria a dizer até que eu casaria com ela, construiria uma vida e teria uns dois filhos. Essas coisas que a gente - no fundo - deseja, mas não assumimos, sabe? E então, aqui estou eu, que me controlo para não atender esse mulherão em potencial, e me vigiando pra não encher demais a bola da musa, e sim, correr da esfinge. Seria completamente melhor estar agora do lado de uma lady, bebendo uma cerveja, vendo filmes de ação (que ela também adora), fazendo sexo e admirando o corpo violão que ela tem.
Ela é gente fina, gostosa, engraçada e inteligente. Só tem um defeito que vale por tantas boas qualidades e diferencia das outras que eu dou valor "na night": gosta demais de mim. Gosta tanto que me deixa livre, e desimpedido, apenas conhecedor do sentimento que ela nutre pela minha pessoa. Enquanto isso ela espera. Espera, espera, espera, espera. Espera para que eu tenha um pouquinho de decência e me apaixone por ela de volta também. E não consigo, não rola. É errado. É insano. Fora de cogitação. Não me é permitido. Não mereço, ela não merece, não nos é de direito, não neste momento. A perfeição dela me rasga, me açoita, mas ainda assim, existe os outros, o mundo lá fora, os julgamentos, a condenação certa, o futuro incerto. Foi muita decepção no relacionamento que passou, você acompanhou tudo, cara. E eu tenho medo disso se repetir. Medo dela, do passado, do presente, do que me espera, da vida que segue. A única coisa que sei é que ó: é gostosa hein.
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