segunda-feira, 2 de julho de 2012

Fase "teen" não mais nesse guichê


Única filha de um militar, irmã adorada de três irmãos, não fora propriamente mimada, mas poupada, levada a crer que a vida consistia em uma série de acontecimentos agradáveis - inverno em Gramado, verões no Rio de Janeiro, um jogo de chá em miniaturo. Levaram-me a crer que depois dos quinze viraria mulher. Gente grande mesmo. Ilusão frustante: mesmo depois de alcançada a idade dos sonhos, no outro dia constatamos que nada mudou. A menininha do papai continua com as mesmas velhas manias.Desse caminho de níveis elevados a cada um - não vencido - e o verde juntamente aos obstáculos continuam imaturos; intactos mesmo. Resolvi, então, parar de querer saber quando iria virar gente grande e insisti nesse objetivo. 
Alcançada quase duas décadas de vivência, com leveza e brilhos nos olhos saí da casa dos pais e fui morar em outra cidade. Logo eu que nunca havia trabalhado, pago nenhuma conta e nem ido ao supermercado, exceto para comprar chocolates e afins. Quando vi estava indo abrir uma conta bancária, fazendo pedido de cartão de crédito e cheques. À primeiro instante, fiquei feliz - confesso. Estranhei quando contas e mais contas com o meu sobrenome começaram a brotar no correio. Cartões de magazine, celular, internet. Eu que sempre fui uma consumista, comecei a ver o dinheiro indo pro ralo. Aprendi a pesquisar preços e achar cada centavo valioso. Pra quem antes achava fácil ir lá e querer sapato novo, exigir maquiagem da melhor qualidade, uma roupa nova por semana, a mudança é grande. Gigante.




Os horários começam a ficar apertados. Conciliar família, faculdade, trabalho, namorado, estágio, exercício físico, loucuras próprias, projetos paralelos e cuidados de beleza é o grande desafio. Economizar cada vez mais, é urgência de vida. Amadurecer é ver cada menina chorando por bobagem, é futilidade transparecendo em quem não sabe nada de nada. Sinônimo de amigos resume a poucos e bons. Literalmente falando: conta-se nos dedos. Aliás, nos dedos de uma mão. Desperdiçar confiança por aí com quem vale menos que os restos de sujeira do teclado começa a ser uma lei. Amadurecer é ter um cantinho só meu, onde posso pintar uma parede de lilás, outra de carmim. A gente começa a ser mais confiante e de uma serenidade jamais vista. Deixamos essas duas palavras não só bater na porta, mas também a entrar. Quando tudo estiver errado, antes a atitude normal seria entrar em surto. Hoje: penso, afinal, bons momentos virão. Calcamos por um amor tranquilo, onde brigas e discussões não tem vez.

A luz no fim do túnel, cada vez mais próxima, tão claro na gente aquilo que é bom e importa. E essa vida de gente grande só foi possível depois de sair de casa. Deixei minha fase "teen". Apesar de haver alguns resquícios do meu vestido debutante cor-de-rosa afirmo: crescer dói, devem ter esquecido de contar as vantagens de uma vida mais libertária e independente a Peter Pan.

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